Quase 30.000 novos produtos são lançados a cada ano, e 95% deles falham, afirma Clayton Christensen, professor da Harvard Business School (Estados Unidos). “Nenhuma empresa escapa dessa estatística angustiante, que inclui erros de gigantes como Google, Coca-Cola e Colgate”. Segundo o pesquisador, projetos que recebem milhões em investimentos também correm risco de descarte quando enfrentam falhas, especialmente nas fases iniciais de assessment (avaliação).
Para aprofundar esse cenário, um relatório da McKinsey reforça a urgência do tema. Após entrevistar executivos das empresas da Fortune 500, a consultoria identificou que 90% deles veem a inovação como essencial para o crescimento. No entanto, apenas 6% acreditam que ela funciona dentro da própria organização, e só 10% afirmam ter capacidade para executar suas estratégias de inovação. Ou seja, existe um grande descompasso entre intenção e prática.
Diante dessa constatação, a fase de assessment ganha importância quando uma consultoria apoia a implementação da estratégia de inovação. Essa etapa permite entender a situação atual, localizar melhorias e alinhar processos com a estratégia de crescimento.
Assim, ao compreender o contexto, mapear necessidades, definir metas, avaliar recursos e identificar riscos, o assessment constrói uma visão realista da organização. Esse diagnóstico orienta a empresa a progredir com base em fatos e avançar com mais eficiência.
Para Durval Garcia, diretor de inovação da G.A.C. Brasil, entregar inovações que geram valor real ao cliente define quem lidera e quem perde espaço no mercado. “A excelência na escolha, execução e comercialização de projetos de inovação se tornou obrigatória. Por isso, é necessário reconhecer elementos críticos que podem afetar o resultado esperado”, afirma.
Além disso, Garcia explica que a avaliação inicial ajuda a comparar resultados ao longo do tempo, medir progresso e identificar pontos que exigem ajustes.
O especialista destaca cinco razões para se dar mais atenção à fase de assessment:
Compreensão do contexto
“Durante o assessment, a consultoria busca entender profundamente o contexto da empresa. Analisa aspiração estratégica, cultura, estratégias atuais, desafios e expectativas em relação aos resultados da inovação. Com isso, cria abordagens e soluções adaptadas à realidade da organização.”;
Identificação de necessidades e oportunidades
“A avaliação revela necessidades e oportunidades internas e externas. A consultoria analisa gargalos, ineficiências e problemas que exigem solução. Além disso, identifica as necessidades reais dos clientes — e até dos clientes dos clientes. Esse mapeamento direciona a estratégia de inovação para áreas mais críticas e promissoras.”
Definição clara de metas e objetivos
“Ao avaliar a situação da empresa, a consultoria ajuda a definir metas e objetivos alinhados à estratégia competitiva. Dessa forma, essas metas orientam indicadores que monitoram o projeto ao longo do tempo. Metas realistas e mensuráveis garantem uma implementação mais consistente.”
Avaliação de recursos e capacidades
“Durante o assessment, os recursos e as capacidades dinâmicas da empresa são detalhados, incluindo talentos, competências, processos, formas de organização, liderança, infraestrutura tecnológica e financeira. Essa análise detalhada ajuda a identificar os pontos fortes da organização que podem ser aproveitados para impulsionar a inovação, bem como as limitações ou lacunas que precisam ser abordadas. Com base nessa análise, é possível fornecer recomendações sobre a alocação de recursos e a necessidade de desenvolver novas capacidades dinâmicas, habilidades e competências individuais ou ainda adquirir tecnologias adicionais”.
Identificação de riscos e desafios
“A fase de avaliação é igualmente importante para identificar os riscos e desafios potenciais que podem surgir durante a definição de um portfólio de projetos de inovação. Além de fatores como cultura organizacional, resistência à mudança, barreiras culturais, problemas de gestão, restrições orçamentárias, concorrência acirrada ou obstáculos regulatórios, a avaliação também identifica os principais parâmetros que orientarão a gestão e o balanceamento do portfólio de projetos de inovação para os três horizontes de crescimento, como fator de mitigação de risco. Ao antecipar e entender esses desafios, a empresa pode desenvolver estratégias de mitigação adequadas e elaborar um plano de ação robusto para lidar com eles”.
Garcia afirma que encarar a inovação de forma estratégica gera vantagem competitiva permanente e contribui para o crescimento sustentável. Consequentemente, essa postura mobiliza líderes e colaboradores e cria um ambiente propício para inovar. “O assessment permite que a consultoria obtenha insights valiosos dos stakeholders. Ao envolver colaboradores e gestores, a empresa amplia perspectivas e fortalece a cultura de inovação”, destaca.







