por Rodrigo Miranda*
A globalização e a maior competitividade obrigaram o futebol a se reinventar. Assim, federações e clubes passaram a desenvolver ideias, ferramentas e procedimentos inovadores. Dessa forma, o esporte consegue continuar sendo o mais popular do mundo, alcançando sustentabilidade social e econômica. De forma semelhante, o futebol também pode inspirar empresas a se reinventarem, aplicando modelos de negócios da iniciativa privada.
No futebol profissional, a competição é intensa. Além disso, há pressões constantes para descobrir e explorar novas oportunidades de crescimento e vencer partidas e campeonatos. Esse cenário, portanto, se assemelha ao ambiente corporativo, especialmente em setores em que ganhar um ponto percentual a mais de marketshare é motivo de comemoração.
Essa competitividade exige mudanças e inovações contínuas. Por isso, é possível aplicar os cinco pilares do ecossistema da inovação — liderança, estratégia, cultura, gestão e processos — também no futebol profissional.
Primeiramente, líderes e gestores precisam definir o ponto de partida e o objetivo final. Com isso, conseguem traçar uma estratégia eficiente e criar um ambiente interno colaborativo. Além disso, devem identificar barreiras internas que impedem o atingimento das metas e trabalhar para eliminá-las ou reduzi-las. Ao mesmo tempo, precisam reconhecer os aceleradores da inovação que devem ser fortalecidos.
Cultura do Futebol e Estratégia de Crescimento
Como esporte de massa, o futebol exige compreensão da sua cultura. Dessa forma, os clubes conseguem estabelecer parcerias, montar elencos equilibrando investimentos individuais e coletivos, usar tecnologia para estudar adversários e analisar hábitos dos torcedores, gerando novas fontes de receita.
À medida que a cultura do futebol é compreendida, a estratégia de inovação se torna mais clara. Assim, é possível alinhar o crescimento do clube com a necessidade de desenvolver lideranças, transformar a cultura organizacional e aprimorar processos internos.
Além disso, novas tecnologias entram no ecossistema para melhorar o condicionamento físico e a recuperação dos atletas, analisar variáveis das partidas e hábitos dos torcedores, e reduzir erros humanos durante os jogos.
Por exemplo, na Copa do Mundo, será usado pela primeira vez um sistema semiautomático de inteligência artificial (IA) para marcar impedimentos. Câmeras com machine learning rastrearão os jogadores, reduzindo o tempo do VAR e aumentando a precisão.
Além disso, a bola terá chip de geolocalização sensível ao toque. Ele enviará dados sobre o posicionamento e o chute a um software acessado pelos operadores do VAR. Dessa forma, os árbitros poderão tomar decisões mais rápidas e precisas.
O público acompanhará os lances em 3D nos telões do estádio. Outra novidade é o uso de IoT nas camisetas dos jogadores. Microssensores no tecido enviarão informações vitais, como temperatura, estresse e hidratação, permitindo que a equipe técnica ajuste a estratégia em tempo real.
Além disso, o calor intenso do Oriente Médio será mitigado por drones que liberam hélio, formando nuvens artificiais. Isso reduzirá a temperatura e a incidência de raios solares no estádio.
Impacto da Inovação no Futebol e nos Negócios
Essas inovações mostram que, embora o futebol seja um esporte consolidado, os clubes buscam soluções para ampliar resultados constantemente. Assim como no mundo empresarial, tecnologia e inovação não são apenas diferenciais, mas essenciais para crescimento e sobrevivência.
Finalmente, a inovação transforma a cultura por meio de mudanças disruptivas, atendendo e antecipando as demandas de usuários e da sociedade. Portanto, seja no esporte ou nos negócios, o objetivo é criar soluções que gerem resultados mensuráveis e duradouros.
* Rodrigo Miranda é especialista em inovação, graduado em engenharia elétrica (IPV-Portugal), com MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Projetos (FGV), e é diretor de operações da consultoria internacional G.A.C. Brasil.
Fonte: Terra







